Coleção Mundos do Trabalho

O dono do nada: Vidas precarizadas no Capitalismo Contemporâneo

Essa obra investiga a estruturação de justificativas morais de engajamento social ao capitalismo flexível-financeiro-informacional. Para essa investigação, é feita a análise do modelo de engajamento do empreendedor-de-si-mesmo, que busca maximizar seus investimentos em um ambiente de risco. O desenvolvimento do individualismo, desde o cristianismo primitivo até sua emancipação enquanto categoria econômica, a partir do século XVII, bem como seu triunfo em nossa época, é também pesquisado, enquanto elemento-chave para a compreensão da subjetividade neoliberal. A crítica ao modelo de conduta do homo economicus com o advento da crise financeira de 2008 é analisada em confronto com a vivência temporal precarizada do empreendedor-de-si-mesmo, tal qual dramatizada no filme “Sorry We Missed You”, do diretor britânico Kenneth Loach, revelando o empobrecimento da experiência temporal em um contexto de destruição de direitos trabalhistas, desregulação crescente, aumento de informalidade, trabalho intermitente e uso extensivo de dispositivos de controle tecnológico de performance. Essa pesquisa sugere a emergência da imagética empobrecida do ser humano calculista de suas dívidas e de sua própria miséria, sacrificado sob as garras do capital: o homo economicus precario, ou o dono do nada, nômade errante arremessado ao presente perpétuo em seu vazio existencial.

EXPERIÊNCIAS E PROCESSOS SOCIAIS: Trabalho e Educação

Os textos que integram este livro possibilitam um panorama sobre “Experiências e Processos Sociais” centradas nas condições de vida e trabalho de sujeitos, nas disputas em torno da educação, a partir do ensino formal e das dimensões e impactos das políticas sociais em diálogo com a educação. A presente obra é fruto das atividades do Grupo de Pesquisa Experiências e Processos Sociais (GPEPS/CNPq), alocado no Instituto de História (INHIS) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que foi criado em setembro de 2016 e surgiu da necessidade dos pesquisadores e pesquisadoras da extinta Linha de Pesquisa Trabalho e Movimentos Sociais, do Programa de Pós-Graduação em História (PPGHI), por espaços de diálogo e trocas de experiências que permitissem reunir pesquisadores com interesses diversos, porém, convergentes. Ainda neste mesmo ano, o GPEPS foi vinculado também à Linha de Pesquisa Trabalho, Sociedade e Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED) da Faculdade de Educação (FACED) da UFU, o que permitiu a reunião de pesquisadores da área conectados aos seus respectivos orientadores e que também passaram à posição de membros do Grupo de Pesquisa.

História oral e reforma agrária: a experiência social de trabalhadores rurais sem-terra em Sumaré, interior de São Paulo (décadas de 1980 e 1990)

A história da luta pela reforma agrária em Sumaré, interior do estado de São Paulo, privilegiou a metodologia da história oral, com cotejamento de outros documentos, para desvendar o processo histórico de luta pela reforma agrária dos trabalhadores e trabalhadoras sem-terra oriundos de diversos estados brasileiros para a região de Campinas. A formação da identidade sem-terra durante as décadas de 1980 e 1990 constituiu no objeto da investigação histórica. E a publicação da pesquisa nos dias de hoje assume sentido não meramente acadêmico, mas também político. Aprender com a experiência social de pessoas simples, que lutaram para tornar a utopia da terra repartida uma realidade, nos motiva para enfrentar hodiernamente as necessárias lutas do presente.

O Ressurgimento do Movimento Sindical em Goiás na Década de 1980

Neste País aparentemente condenado a se mover em círculos, o trabalho do pesquisador sobre a trajetória que cumprimos em anos recentes pode contribuir de forma relevante com os movimentos sociais contemporâneos, sobretudo com os de baixo, dos trabalhadores, para evitar que se repitam erros nessa luta contínua pela democratização da sociedade e do Estado brasileiro. Não creio que seja necessário tomar o tempo do leitor com considerações sobre a neutralidade da abordagem e do enfoque escolhido pelo pesquisador para a construção de sua narrativa sobre “O ressurgimento do movimento sindical em Goiás”. A construção do relato fala por si. Trata-se de um exame da dinâmica dos movimentos empenhados em recuperar o protagonismo político dos trabalhadores, por meio da reconstrução de sindicatos e associações, com o objetivo de potencializá-los na constituição de uma central sindical (ou mais de uma…), como verá o leitor.

E. P. Thompson: história, educação e presença

Este livro é resultado de intermitentes intercâmbios em âmbito nacional e internacional acerca da contribuição de Edward Palmer Thompson à historiografia. A ideia central, ao produzi-lo, foi a de examinar, em pequena escala, a influência deste historiador inglês em estudos que se desenvolveram no campo da pesquisa em Educação e de uma História Social do Trabalho e dos Movimentos Sociais. Para tanto, os autores contaram com contribuição de professores estrangeiros, Michael Merrill, Dennis Dworkin e Bryan Palmer, que guardaram algum contato direto com Thompson no passado. Por isso, também, o livro oferece indicativos sobre a personalidade que fez dele um historiador e um militante incansável, dedicado aos modos de vida, de trabalho e de luta dos operários do século XVIII.

A vida cotidiana no movimento das águas pantaneiras

Este livro foca a convivência dos povos pantaneiros com o ciclo das cheias nos pantanais dos municípios mato-grossenses de Barão de Melgaço, Poconé e Nossa Senhora do Livramento. Desdobramento da tese de doutorado em Psicologia Social, defendida em 2015, esta obra é resultado das experiências vividas pelo pesquisador-morador da região pantaneira de Poconé, da convivência e conversas formais e informais com pessoas ligadas diretamente às atividades nos pantanais, com destaque para os(as) pantaneiros(as) e ribeirinhos(as), e da imersão na literatura cientifica sobre essas regiões.

História dos catadores no Brasil

“História dos Catadores no Brasil” investiga homens e mulheres que viveram e vivem do trabalho com o lixo. Essa atividade é antiga. Remonta a Atenas do século 500 a.C., criadora do primeiro lixão onde trabalhadores “especializados” nessa função recolhiam e transportavam os dejetos para fora da cidade. Junto ao manejo do lixo, a reciclagem também é uma prática antiga. No Velho Testamento, por volta do século VIII a.C., Isaías propôs que se fizessem relhas e arados de lanças e foices. Evidências como essas cortaram toda a Idade Média até o século XVIII, quando a reciclagem tornou-se um negócio, conectando pobreza, lixo e reciclagem. Esse raciocínio ajuda a explicar o estigma historicamente construído sobre as pessoas que trabalham com o lixo alheio. Ajuda também a desenvolver a hipótese de que a reciclagem transformou-se numa atividade comercial apenas com o capitalismo, a partir dos séculos XVIII e XIX. Tais questões são levadas e comparadas à realidade brasileira dos últimos 200 anos. Nesse período, chega-se à presença dos catadores, vistos como uma parte bastante desgastada do mundo do trabalho. São trabalhadores anônimos, mostrados por rara documentação que deles fala indiretamente. Os catadores receberam maior atenção a partir da década de 1950, quando se fizeram mais visíveis nas grandes cidades. Desse ponto, que conduz até o final do livro, o roteiro da pesquisa e da narrativa prioriza a investigação sobre quem são os catadores, o que eles pensam que são e o que foram, e como eles gostariam de ser.