Coleção Poéticas & Linguagens

Travessias: Das páginas da História às telas do Cinema

Este livro tem como tema central a relação entre História e Cinema. As três partes do e-book foram assim pensadas: na primeira, o foco interpretativo recai sobre obras cinematográfica; na segunda, o que vem para o centro é a linguagem do documentário e, na terceira, análises filmes específicos. Dessa forma, as reflexões dos autores permitem ao leitor perceber como a produção cinematográfica diz respeito ao seu próprio tempo. Das inquietações revolucionárias de Glauber Rocha até as produções norte americanas após o atentado de 11 de setembro de 2001, o que se percebe é a força dos temas históricos na composição fílmica. Além disso, algumas reflexões abordam as possibilidades interpretativas que os documentários carregam, destacando tanto os aspetos formais da produção das películas, como a proximidade existente entre o trabalho do cineasta com aquele realizado pelo historiador de ofício. Seguindo o mesmo caminho da interpretação, o leitor encontrará também questões históricas por meio de análises de filmes.

Política e engajamento: reflexões acerca da religiosidade em Barravento de Glauber Rocha

A presente obra realiza uma abordagem crítica acerca do filme Barravento, 1962, de Glauber Rocha, enfocando a questão religiosa do mesmo, mas sem perder de vista as questões políticas que o envolve. No que diz respeito à narrativa fílmica o autor busca refletir sobre como o fenômeno religioso interfere na política e no engajamento dos cidadãos em relação a determinadas causas. Ao percorrer este caminho analítico, o autor realiza reflexões sobre o contexto baiano da época, dando foco às questões que dizem respeito ao processo de modernização da Bahia dentro de um contexto nacional. Além disso, é realizado também um estudo sobre o cineasta Glauber Rocha, visando compreender suas motivações e influências. Que mundo Barravento retrata nas telas? Quais relações estão presentes neste mundo? Qual a perspectiva religiosa que o filme traz? A religião impede as pessoas de fazerem a sua própria história? Qual proposta de mudança do status quo o filme traz? Partindo da premissa do filme de que “a religião é o ópio do povo”, o autor envereda por discussões complexas, já que o filme pode ser interpretado tanto pelo viés religioso quanto pelo viés marxista. Assim sendo, o autor recorre ao marxismo, à teologia da libertação, ao Candomblé e outros assuntos, com o intuito de dar conta da complexidade das discussões que a obra aborda.

Os sentidos do humor: possibilidades de análise do cômico

O estudo do humor não é novo. Filósofos como Platão, Aristóteles, Kant, Hegel, Freud e Ortega y Gasset, escritores de renome como Baudelaire, Shakespeare ou Cervantes e acadêmicos como Bergson, Adorno ou Attardo, têm abordado o humor em suas obras. A centralidade e peso do humor na vida dos seres humanos é evidente no grande número de estudos que examinam diferenças e semelhanças de humor em inúmeros cenários como entre Oriente e Ocidente, em psicologia, na cognição, relações humanas, saúde, literatura, artes visuais ou mesmo política. Este volume é o trabalho de especialistas dedicados aos estudos do humor e tratou temas como o humor no mundo luso-hispânico por meio de representações sociais, linguagem e literatura.

Cinema e exibição cinematográfica em Montes Claros (MG): Dos primórdios à consolidação do circuito exibidor

O tema Cinema e exibição cinematográfica em Montes Claros (MG): dos primórdios à consolidação do circuito exibidor, refere-se a uma investigação sobre a gênese da rede exibidora montesclarense, e as diferentes formas de lazer que incidiram no espaço público da cidade. Teve como propósito, ainda, refletir sobre como a modernidade configurou-se no município norte-mineiro. A partir de um conjunto de fontes, notou-se que ao longo do século XIX, entre 1840 a 1880, a cidade norte-mineira passou a ocupar um importante papel no comércio regional. Assim, vários foram os eventos advindos com essas transformações. Contudo eles não patentearam mudanças meramente econômicas. Concomitante às transformações, verificou-se que, sobrevieram à cena pública da pequena urbe norte-mineira, companhias circenses, grupos mambembes e espetáculos de prestidigitação, que revelaram o não insulamento artístico da região. Observou-se, ainda, que, pela intermediação do cinema e das inaugurações das salas, concomitante às reformas e as instalações de aparelhos modernos de projeção, a representação de progresso em Montes Claros operacionalizou-se e tornou-se ativa. Nesse sentido, o cinema, mediante os discursos dos jornais, por exemplo, estabeleceu um índice daquilo que era “moderno”, “civilizado”, “progresso”, e constituiu um veio de identificação para avaliar a cidade como uma “metrópole do norte”, “metrópole nordestina”, “sociedade culta”.

História & Documentário: artes de fazer, narrativas fílmicas e linguagens imagéticas

Neste livro está em debate temas como História e ficção; arte e o real; veracidade e verossimilhança. Para tanto, a imagética, os documentários, o cinema aparecem como formas de ressignificar a vida, as experiências do cotidiano. As imagens e o filme não são só momentos para devaneios e fantasias. Eles também tem o propósito de fazer pensar, de aprender a lidar com a exploração, a violência e as injustiças sociais. Muitos deles são denúncias, outros nos levam a interrogar nosso presente.

Olhares Dissertativos: Cinema – Crítica – Teatro

O livro “Olhares Dissertativos: Cinema – Crítica – Teatro” reúne textos de diferentes autores que desenvolveram recentemente pesquisas de Mestrado junto ao Núcleo de Estudos em História Social da Arte e da Cultura – NEHAC – da Universidade Federal de Uberlândia. Assim, o campo de análise dos capítulos desta coletânea envolve as discussões atinentes ao binômio História/Arte. Organizado por Rodrigo Francisco Dias e Talitta Tatiane Martins Freitas, este livro apresenta algumas reflexões acerca do Cinema, da Crítica e do Teatro, na perspectiva da História Social da Arte. Em seus pouco mais de vinte anos de existência, o NEHAC tem contribuído com o debate historiográfico por meio de pesquisas que estabelecem um frutífero diálogo entre a história e as diversas linguagens artísticas. Assim, “Olhares Dissertativos” oferece uma pequena e instigante amostra dos estudos desenvolvidos pelo NEHAC nos últimos anos.

A Companhia Estável de Repertório de capa, espada e nariz: Cyrano de Bergerac (1985) nos palcos brasileiros

Cyrano de Bergerac é um clássico do teatro francês. Escrita por Edmond Rostand em 1897, a peça reconstrói poeticamente a figura do libertino do século XVII contornando-lhe com fortes tonalidades românticas. No Brasil, o desafio de encenar Cyrano foi enfrentado pela primeira vez em 1985, em montagem da Companhia Estável de Repertório, com direção de Flávio Rangel e Antonio Fagundes no personagem-título. Tendo esta encenação como objeto de estudo, o livro busca problematizar, na senda das relações História/Estética, temas relevantes sobre a historiografia do teatro brasileiro do período, bem como descortinar facetas da cultura nacional nos incertos anos de 1980.

Allegro ma non troppo: ambiguidades do riso na dramaturgia de Oduvaldo Vianna Filho

O objetivo deste trabalho é abordar o humor enquanto elemento central na obra de Oduvaldo Vianna Filho – Vianinha, por meio da análise das comédias escritas no período anterior ao golpe de 1964 (Bilbao, Via Copacabana -1957, A Mais Valia vai Acabar Seu Edgar –1960, Cia.Amafeu de Brusso – 1961) e no pós-1964 (Dura Lex Sed Lex no Cabelo só Gumex –1967, AllegroDesbundaccio ou se Martins Pena Fosse Vivo -1973). Nesse sentido, o argumento principal é que o estudo de suas obras cômicas nos ajuda a perceber que sob o peso do fracasso e da perplexidade diante do golpe, Vianinha transforma-se num crítico de si mesmo e as personagens alegóricas do pós-golpe expressam o sentimento do contrário, noutras palavras, a percepção de um particular que é o oposto do que se deveria ser. Seus usos do humorismo no pós-golpe desvelaram comportamentos e situações absurdas, muitas vezes derivadas do trágico, de modo a expressar no estilo narrativo um olhar para si mesmo e para o grupo social em que se via inserido no âmbito da sociedade de consumo.

Vianinha no centro popular de cultura (CPC da UNE): Nacionalismo e Militância em Brasil – Versão Brasileira (1962)

Nas décadas de 1950 e 1960, viveu-se no Brasil um momento de intensificação da arte engajada, marcado por um contexto no qual muitos artistas, no ímpeto de transformação da sociedade, incorporaram em suas obras, suas pretensões políticas. Essa concepção fez parte de um período onde as ideias de uma “cultura revolucionária” promoveram um discurso de que um país como o Brasil era capaz de produzir obras com caráter “nacional” e “popular”, a fim de superar seu subdesenvolvimento. Tais manifestações contribuíram para a estruturação de um meio de produção cultural definido pelo engajamento artístico. Este livro discute as críticas e autocríticas produzidas a uma dessas experiências, a do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC da UNE), a partir do golpe militar de 1964. No intuito de repensar a avaliação crítica feita ao CPC, analisamos esta produção à luz de seu próprio tempo, compreendendo, assim, a historicidade da ficção. Para tanto, verticalizamos em uma peça teatral, Brasil – Versão Brasileira (1962), de Oduvaldo Vianna Filho, observando as diversas referências cênicas que possibilitaram a este dramaturgo dar forma a temas como o imperialismo, a aliança do Partido Comunista Brasileiro (PCB) com a burguesia nacional, as contradições dentro do movimento operário e o tema da vanguarda revolucionária. Ao lado das discussões estéticas, foi possível pensar a difusão de ideias comuns entre artistas cepecistas, intelectuais do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros) e militantes do PCB. Nesse aspecto, a conjuntura social, política e cultural em que Brasil – Versão Brasileira foi escrita permitiu pensar aspectos das transformações cênicas e políticas nas décadas de 1950 e 1960 no Brasil, a partir de um projeto singular que marcou a trajetória de Vianinha. Assim, a opção formal desta peça e as questões temáticas destacadas no texto estão relacionadas às opções estéticas e políticas que este dramaturgo realizou em um dado momento histórico, a primeira metade da década de 1960.