setembro 2020

Portugueses: ações e lutas políticas Rio de Janeiro – São Paulo

O tema dos deslocamentos humanos é, sem dúvida, um dos mais importantes e urgentes do tempo presente. Diante dele, os historiadores são convocados a rememorar e compreender suas diversas nuances e dar conta de toda a sua complexidade. No caso específico do Brasil, a compreensão dos deslocamentos dos diversos grupos é fundamental para o entendimento das historicidades dos processos econômicos, sociais, políticos e culturais que compõem a nossa sociedade. Neste sentido, a obra aborda os diversos aspectos das imigrações portuguesas para o Brasil no período entre o final do século XIX e grande parte do século XX, priorizando os contextos dos principais núcleos urbanos do país, Rio de Janeiro e São Paulo, que foram as cidades que acolheram a maior parte deste imigrantes. Buscando oferecer sentidos mais complexos do que a vulnerabilidade econômica como motivo das emigrações lusitanas, as autoras perpassam por períodos importantes das histórias do Brasil e de Portugal ressaltando estes processos migratórios à luz das experiências e sentidos atribuídos pelos diversos sujeitos participantes criando quadros vivos das relações históricas e atuais dos dois lados do Atlântico.

O elaborar da vergonha e da raiva: desatando nós para o trabalho socioeducativo

O presente estudo teve como objetivo geral considerar os processos sociais envolvidos na situação do adolescente em conflito com a lei no Brasil, suas implicações na transformação de histórias de vidas e consequente demandas nos programas de atendimento. De forma mais específica objetivou trazer conhecimentos concretos para o campo de trabalho socioeducativo, e investigar aquilo que se apresenta como propiciador da reincidência. O que leva o/a adolescente a infracionar novamente? Os dados coletados, considerando as medidas socioeducativas, demonstram que elas não dão conta do objeto ao qual se propõem: o rompimento com o ciclo da delinquência, com a repetição do ato de delinquir. A forma como as medidas estão sendo propostas são reguladoras muito externas, e não estão entrando no cerne do problema. Nesse sentido, devem considerar os sentimentos de raiva e ódio que movem o adolescente. No subtexto dessa raiva existem situações de humilhação e sentimentos de vergonha que, por não serem elaborados, criam um ciclo humilhação – vergonha – ódio. Entra-se num círculo odioso, retroalimentado, que supõe a raiva, a dimensão que o prazer de delinquir tem, ao que eles chamam de adrenalina.

Imagens institucionais da modernidade: a educação profissional em Goiás (1910-1964)

O ensino profissional na Primeira República brasileira resumiu-se ao modelo concretizado nas Escolas de Aprendizes e Artíces. Elas foram criadas com o objetivo explícito de atender aos “desfavorecidos da fortuna”. No entanto, seu funcionamento se deu de outra maneira. Cabe-nos portanto, indagar como essa escola atendeu a esse público? E ainda se foi ele, realmente, o alvo de seu ensino?No caso particular da Escola de Aprendizes Artífices de Goiás a sua atuação, durante trinta anos na Cidade de Goiás, foi ignorada pelo discurso da modernidade que instaurou-se após 1930. Talvez por esse motivo, a história da educação em Goiás, praticamente ignora sua existência e manteve um silêncio sobre sua presença naquela cidade. Por isso, uma de nossas preocupações neste trabalho foi responder as indagações apresentadas anteriormente. E também compreender como esse modelo de escola se articulou com o modelo de educação proposto pela República velha. O período enfocado, neste texto, (1910-1964) é de destacada importância e significação para desvendar as origens do ensino profissional e sua evolução no Brasil, a partir de políticas públicas voltadas para a construção do arcabouço de uma moderna sociedade do trabalho. O ano de 1910 é o ano em que foi inaugurada a Escola de Aprendizes e Artífices de Goiás e o ano de 1964 é tomado como o fim de um ciclo, pois a partir dele o ensino técnico passa por profundas mudanças que se refletem na organização e nas práticas das Escolas Técnicas Federais, que sucederam as Escolas de Aprendizes Artífices. Procuramos, também, compreender a racionalidade que subsidiou os discursos que justificaram a criação das Escolas de aprendizes e Artífices na chamada Primeira República. Para tal, levantamos o papel que essa racionalidade exerceu na definição dos discursos que tomavam a educação como tema. Procuramos, ainda, identificar como o discurso da modernidade vai definir o fim das Escolas de Aprendizes e Artífices e ao mesmo tempo justificar a criação das Escolas Técnicas Federais.

Entre memórias e experiências: Ensino e mercado editorial de livros didáticos de História do Brasil – Rio de Janeiro (1870-1924)

Este trabalho analisa as articulações entre a expansão do ensino e do mercado editorial na cidade do Rio de Janeiro entre 1870 e 1924, a partir de livros didáticos de História do Brasil. Através de fontes variadas, tais como os próprios livros didáticos, catálogos e almanaques de editoras, programas de ensino, anúncios, periódicos e memórias, este estudo busca compreender as mudanças e permanências na produção de livros didáticos de História do Brasil no bojo da popularização da cultura letrada e da ampliação de públicos leitores na cidade. Procura acompanhar as ações dos sujeitos envolvidos nesse processo – autores, livreiros, editores e professores – em busca de suas motivações e dos múltiplos significados envolvidos nas experiências de vulgarização do conhecimento histórico através de manuais didáticos e da ampliação do ensino formal. O livro tece uma reflexão sobre a relação entre o ensino de história e memórias; a partir das distintas experiências de homens, mulheres e crianças, sendo possível dar visibilidade a outras memórias em torno da construção da história do Brasil ensinada nos manuais didáticos.

Trabalho, Educação e Conflitos Sociais: diálogos Brasil e Portugal

O livro “Trabalho, Educação e Conflitos Sociais: diálogos Brasil e Portugal” é uma iniciativa do Grupo de Pesquisa Trabalho, Educação e Sociedade (GPTES), vinculado ao Instituto de Ciências Sociais (INCIS) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Brasil e do Grupo de Pesquisa História Global do Trabalho e dos Conflitos Sociais, do Instituto de História Contemporânea (IHC) da Universidade Nova de Lisboa (UNL), Portugal. A obra reúne textos resultantes de projetos de pesquisas, trabalhos e discussões entre os especialistas envolvidos sobre as inter-relações entre trabalho, educação e conflitos sociais no âmbito das intensas transformações histórico-sociais do capitalismo contemporâneo no Brasil e em Portugal. Estruturado a partir do Seminário Trabalho, Educação e Conflitos Sociais, realizado em 2014 no IHC/UNL e no âmbito do Acordo de Cooperação Científica entre a UNL/IHC e o INCIS/PPGED/UFU. Organizada em três partes, a obra analisa inicialmente um panorama das transformações do Capitalismo e do Estado numa perspectiva histórica no Brasil e em Portugal. Em seguida são abordadas as transformações nas relações entre Trabalho e Educação em estudos setoriais, buscando-se caracterizar seus contornos particulares no sentido de melhor compreender o amplo processo de precarização e adoecimento a que está sendo submetida a classe trabalhadora no Brasil e em Portugal. Por último, são problematizados os conflitos sociais e a construção de resistências advindos da relação histórica e contraditória entre trabalho e capital, cingida por sua vez, pelas relações de gênero e raça. O conjunto de reflexões presentes no livro é de interesse para pesquisadores, estudantes acadêmicos e todos aqueles interessados no aprofundamento do debate crítico acerca das relações históricas entre trabalho e educação no contexto da reestruturação produtiva do capital.

Circularidades Políticas e Culturais: Fronteiras – Linguagens – Cidadania

“Circularidades Políticas e Culturais” é o eixo temático que congregou um grupo de pesquisa estruturado internacionalmente. Criado no ano de 2010, esse grupo promove reuniões anuais alternadas entre Brasil e Itália, com o intuito de ampliar e renovar a sua interlocução, tendo sempre como horizonte o campo das circularidades. A escolha dessa perspectiva de investigação nasceu da vontade dos integrantes do projeto em estudar o impacto da cultura italiana no repertório artístico e intelectual da sociedade brasileira. Neste livro, que agora está disponível nas estantes virtuais, o leitor poderá tomar contato com uma parte significativa dos resultados obtidos.

História & Documentário: artes de fazer, narrativas fílmicas e linguagens imagéticas

Neste livro está em debate temas como História e ficção; arte e o real; veracidade e verossimilhança. Para tanto, a imagética, os documentários, o cinema aparecem como formas de ressignificar a vida, as experiências do cotidiano. As imagens e o filme não são só momentos para devaneios e fantasias. Eles também tem o propósito de fazer pensar, de aprender a lidar com a exploração, a violência e as injustiças sociais. Muitos deles são denúncias, outros nos levam a interrogar nosso presente.

Olhares Dissertativos: Cinema – Crítica – Teatro

O livro “Olhares Dissertativos: Cinema – Crítica – Teatro” reúne textos de diferentes autores que desenvolveram recentemente pesquisas de Mestrado junto ao Núcleo de Estudos em História Social da Arte e da Cultura – NEHAC – da Universidade Federal de Uberlândia. Assim, o campo de análise dos capítulos desta coletânea envolve as discussões atinentes ao binômio História/Arte. Organizado por Rodrigo Francisco Dias e Talitta Tatiane Martins Freitas, este livro apresenta algumas reflexões acerca do Cinema, da Crítica e do Teatro, na perspectiva da História Social da Arte. Em seus pouco mais de vinte anos de existência, o NEHAC tem contribuído com o debate historiográfico por meio de pesquisas que estabelecem um frutífero diálogo entre a história e as diversas linguagens artísticas. Assim, “Olhares Dissertativos” oferece uma pequena e instigante amostra dos estudos desenvolvidos pelo NEHAC nos últimos anos.

A Companhia Estável de Repertório de capa, espada e nariz: Cyrano de Bergerac (1985) nos palcos brasileiros

Cyrano de Bergerac é um clássico do teatro francês. Escrita por Edmond Rostand em 1897, a peça reconstrói poeticamente a figura do libertino do século XVII contornando-lhe com fortes tonalidades românticas. No Brasil, o desafio de encenar Cyrano foi enfrentado pela primeira vez em 1985, em montagem da Companhia Estável de Repertório, com direção de Flávio Rangel e Antonio Fagundes no personagem-título. Tendo esta encenação como objeto de estudo, o livro busca problematizar, na senda das relações História/Estética, temas relevantes sobre a historiografia do teatro brasileiro do período, bem como descortinar facetas da cultura nacional nos incertos anos de 1980.

Diálogos e relações de poder

Tendo como tema central diálogos e as relações de poder, este livro discute, por meio do encontro entre diferentes áreas de saberes e disciplinas, os modos como as relações de poder permeiam e se entrecruzam em diferentes espaços na sociedade contemporânea, seja na escola, na mídia ou por meio de processos formativos que emergem em ações governamentais ou mesmo na escolha das fontes legítimas para o trabalho do historiador. A obra ainda aborda conceitos, formas narrativas e relações sociais em diversos períodos históricos: partindo da contemporaneidade, problematizando suas questões constitutivas, e analisando o campo das sensibilidades e subjetividades.”