SERGIO MESQUITA

Allegro ma non troppo: ambiguidades do riso na dramaturgia de Oduvaldo Vianna Filho

O objetivo deste trabalho é abordar o humor enquanto elemento central na obra de Oduvaldo Vianna Filho – Vianinha, por meio da análise das comédias escritas no período anterior ao golpe de 1964 (Bilbao, Via Copacabana -1957, A Mais Valia vai Acabar Seu Edgar –1960, Cia.Amafeu de Brusso – 1961) e no pós-1964 (Dura Lex Sed Lex no Cabelo só Gumex –1967, AllegroDesbundaccio ou se Martins Pena Fosse Vivo -1973). Nesse sentido, o argumento principal é que o estudo de suas obras cômicas nos ajuda a perceber que sob o peso do fracasso e da perplexidade diante do golpe, Vianinha transforma-se num crítico de si mesmo e as personagens alegóricas do pós-golpe expressam o sentimento do contrário, noutras palavras, a percepção de um particular que é o oposto do que se deveria ser. Seus usos do humorismo no pós-golpe desvelaram comportamentos e situações absurdas, muitas vezes derivadas do trágico, de modo a expressar no estilo narrativo um olhar para si mesmo e para o grupo social em que se via inserido no âmbito da sociedade de consumo.

HISTÓRIAS DE VIDAS AUSENTES – A tênue fronteira entre a saúde e a doença mental

Segunda edição do livro HISTÓRIAS DE VIDAS AUSENTES – a tênue fronteira entre a saúde e a doença mental (Versão revisada e ampliada), da pesquisadora Nádia Weber. Nádia mergulhou no mundo simbólico e no imaginário de “alienados mentais” através de análises das internações ocorridas no Hospício São Pedro, hospital psiquiátrico da cidade de Porto Alegre – RS, no período de 1937 a 1950 demonstrando o tênue limite existente entre o que pode ser considerado “loucura” e “razão”.

Vianinha no centro popular de cultura (CPC da UNE): Nacionalismo e Militância em Brasil – Versão Brasileira (1962)

Nas décadas de 1950 e 1960, viveu-se no Brasil um momento de intensificação da arte engajada, marcado por um contexto no qual muitos artistas, no ímpeto de transformação da sociedade, incorporaram em suas obras, suas pretensões políticas. Essa concepção fez parte de um período onde as ideias de uma “cultura revolucionária” promoveram um discurso de que um país como o Brasil era capaz de produzir obras com caráter “nacional” e “popular”, a fim de superar seu subdesenvolvimento. Tais manifestações contribuíram para a estruturação de um meio de produção cultural definido pelo engajamento artístico. Este livro discute as críticas e autocríticas produzidas a uma dessas experiências, a do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC da UNE), a partir do golpe militar de 1964. No intuito de repensar a avaliação crítica feita ao CPC, analisamos esta produção à luz de seu próprio tempo, compreendendo, assim, a historicidade da ficção. Para tanto, verticalizamos em uma peça teatral, Brasil – Versão Brasileira (1962), de Oduvaldo Vianna Filho, observando as diversas referências cênicas que possibilitaram a este dramaturgo dar forma a temas como o imperialismo, a aliança do Partido Comunista Brasileiro (PCB) com a burguesia nacional, as contradições dentro do movimento operário e o tema da vanguarda revolucionária. Ao lado das discussões estéticas, foi possível pensar a difusão de ideias comuns entre artistas cepecistas, intelectuais do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros) e militantes do PCB. Nesse aspecto, a conjuntura social, política e cultural em que Brasil – Versão Brasileira foi escrita permitiu pensar aspectos das transformações cênicas e políticas nas décadas de 1950 e 1960 no Brasil, a partir de um projeto singular que marcou a trajetória de Vianinha. Assim, a opção formal desta peça e as questões temáticas destacadas no texto estão relacionadas às opções estéticas e políticas que este dramaturgo realizou em um dado momento histórico, a primeira metade da década de 1960.

Cinema e História do Brasil

“Cinema e História do Brasil” desvenda com clareza e profundidade a questão da historicidade da produção de filmes históricos. Trabalhando a partir de alguns casos particulares, Jean-Claude Bernardet e Alcides Freire Ramos mostram como um filme é histórico, não apenas por causa do tema abordado, mas também pela própria linguagem cinematográfica que utiliza. As razões do diretor, como as do historiador, podem ser mais reveladoras do que o próprio assunto do filme. Complementado por um Guia Didático de Filmes e por sugestões de leitura, esta obra, que agora chega às “prateleiras” das livrarias virtuais, é uma contribuição efetiva aos estudos da relação Cinema e História e, ao mesmo tempo, faz um convite para que novos pesquisadores venham a se interessar por essa área.