Gabriel Marques Fernandes

Expectativas democráticas: o Brasil a partir de representações culturais

Expectativas democráticas: o Brasil a partir de representações culturais

“Expectativas democráticas: o Brasil a partir de representações culturais”, em um esforço reflexivo dos membros do Grupo Interdisciplinar de Estudos Culturais e Linguagens na Contemporaneidade [coordenado pela Profa. Dra. Rosangela Patriota na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)], reúne textos que foram produzidos ao longo do ano de 2022, quando “novas” expectativas democráticas pulsavam em nossos horizontes políticos públicos dado o calor das eleições gerais. Por inspiração da conjuntura e dos debates feitos em torno de A Teia do Fato: uma proposta de estudos sobre a memória histórica (1997), de Carlos Alberto Vesentini, a obra partiu da seguinte questão: quais são os diferentes significados da democracia? Se o passado, como destacado por Walter Benjamin em suas teses Sobre o Conceito de História, não pode ser tomado como uma imagem “eterna”, ou um conjunto isolado de eventos que falam por si só, é necessário questionarmos a historicidade das memórias que mobilizam diferentes experiências e expectativas pretéritas, problematizando as forças da sociedade que compuseram os mecanismos de esquecimento e lembranças de nossa cultura por meio do retorno ao processo histórico. É nesse sentido que o objetivo principal deste livro foi acolher de forma democrática a diversidade interdisciplinar de pesquisas do grupo de estudo. Assim, múltiplas representações, sensibilidades e manifestações culturais permitiram refletir sobre a pluralidade das significações da democracia.

Afetos do conservadorismo: Tudo Bem (Arnaldo Jabor, 1978) : desnudando a classe média brasileira

O livro Afetos do Conservadorismo: Tudo Bem (Arnaldo Jabor, 1978) – desnudando a classe média brasileira, propõe investigar, historicamente, o longa-metragem Tudo Bem (Arnaldo Jabor, 1978), com o intuito de estudar o setor conservador da classe média urbana brasileira, problematizando as relações entre Arte e Sociedade dentro do campo de História-Cinema. Tomando como fontes principais as críticas de arte, roteiro e versões audiovisuais do filme, indagando-as a partir de uma interação interdisciplinar com os Estudos Literários e a Psicologia Social (tendo como ferramenta teórico-metodológica central a Estética da Recepção de Wolfgang Iser – nas perspectivas de Alcides Freire Ramos e Rosangela Patriota), entende-se que: frente à Crise Petrolífera Mundial (1973 – 1979), insatisfeitos com a gestão do Governo Ernesto Geisel (que privilegiava o pagamento dos capitais estrangeiros ao invés de resolver o problema econômico dos assalariados) para conter a corrosão monetária, a Família Barata, por meio do conflito entre os Fantasmas (Integralistas, Industrial e Poeta) da memória histórica do patriarca Juarez Ramos Barata, representada de forma psicológica, decide deixar seu nacionalismo de lado e se unir com uma nova multinacional: um comportamento conservador. Tudo Bem, então, desnuda os afetos do conservadorismo (Angústia, Culpa e Medo), que dão o ritmo, que são a causa, da ação do patriarca, impedindo-o de tomar rumo diferente na conjuntura da abertura política, fazendo-o refém da ideologia de matriz colonial, dependente, do projeto vencedor da plutocracia brasileira: católica e capitalista.