SERGIO MESQUITA

Narrativas imagéticas: palavras em fúria, paisagens em ruinas

A coletânea “Narrativas Imagéticas: palavras em fúria, paisagens em ruinas”, apresenta ao leitor reflexões organizadas e dispostas que seguem uma ordem respeitando aspectos gerais acerca do tema proposto. A partir da fotografia, pintura, escultura, arquitetura, teatro, cinema, interartes, paisagens sonoras e imagens literárias, a coletânea pretende reunir pesquisadores de maneira interdisciplinar dialogam com a concepção de visualidade e paisagem e sua relação com a cultura, invenções da memória, construções de identidades.

Democracia, culturas e conflitos no mundo contemporâneo

Democracia, culturas e conflitos no mundo contemporâneo

A presente obra é uma realização da “Rede Internacional de Pesquisa em História e Culturas no Mundo Contemporâneo”, que traz a público uma série de debates sobre as relações conflitantes dos indiciamentos existentes entre culturas e democracia. O desejo desta coletânea e seus respectivos textos é abrir um canal de diálogo e reflexão sobre o nosso conturbado contexto contemporâneo, a partir das experiências e perspectivas de diferentes pesquisadores sob a égide da interdisciplinaridade.

O dono do nada: Vidas precarizadas no Capitalismo Contemporâneo

Essa obra investiga a estruturação de justificativas morais de engajamento social ao capitalismo flexível-financeiro-informacional. Para essa investigação, é feita a análise do modelo de engajamento do empreendedor-de-si-mesmo, que busca maximizar seus investimentos em um ambiente de risco. O desenvolvimento do individualismo, desde o cristianismo primitivo até sua emancipação enquanto categoria econômica, a partir do século XVII, bem como seu triunfo em nossa época, é também pesquisado, enquanto elemento-chave para a compreensão da subjetividade neoliberal. A crítica ao modelo de conduta do homo economicus com o advento da crise financeira de 2008 é analisada em confronto com a vivência temporal precarizada do empreendedor-de-si-mesmo, tal qual dramatizada no filme “Sorry We Missed You”, do diretor britânico Kenneth Loach, revelando o empobrecimento da experiência temporal em um contexto de destruição de direitos trabalhistas, desregulação crescente, aumento de informalidade, trabalho intermitente e uso extensivo de dispositivos de controle tecnológico de performance. Essa pesquisa sugere a emergência da imagética empobrecida do ser humano calculista de suas dívidas e de sua própria miséria, sacrificado sob as garras do capital: o homo economicus precario, ou o dono do nada, nômade errante arremessado ao presente perpétuo em seu vazio existencial.

História Bororo

O autor, Mario Bordignon Enauréu, mais conhecido como Mestre Mario, é um irmão salesiano, italiano que mora no Brasil desde de 1973 e desde 1980 trabalha com o povo Bororo. É formado em artes plásticas e em História pela Universidade Católica Dom Bosco, UCDB, de Campo Grande, MS. Como missionároo salesiano aprendeu muito com os Bororo e foi introduzido na tribo com o nome de ENAURÉU. Procura retribuir com seu trabalho assessorando os Bororo na economia, no reavivar a cultura bororo, na luta pela terra inspirando-se no testemunho dado pelos mártires Padre Rodolfo e Simão Bororo. Está envolvido na luta por educação indígena diferenciada, específica e intercultural. Para isso, junto com os anciãos bororo e os salesianos produziu uma dúzia de textos didáticos escolares. Este texto de história é a sua produção mais recente. Como missionário procura também entender e viver a rica espiritualidade dos Bororo e preocupando-se para que os jovens não a percam. Foi também por seis anos Coordenador do CIMI, Conselho Indigenista Missionário no Regional de Mato Grosso. Assessorou várias teses de mestrado e doutorado sobre os Bororo e participou de vários cursos e debates sobre questões indígenas.

A cultura da violência entre traços e tramas; a vida e obra do pintor Almeida Jr.

A cultura da violência entre traços e tramas; a vida e obra do pintor Almeida Jr.

Esta obra tem como objetivo investigar os sintomas de violência no interior do Brasil oitocentista por meio da vida e obra do pintor José Ferraz de Almeida Jr. (1850-1899). Para tanto, constatadas tanto sua produção quanto as (re) interpretações contemporâneas de seu universo pictórico, bem como as circunstâncias de sua morte narradas no processo crime que apurou o fato, considerar-se-á a hipótese de violência como traço cultural do séc. XIX a partir da chave de leitura apontada por Jorge Coli (2005) e suas premissas sobre o pensamento do artista (2010) na inter-relação entre a obra e a vida do pintor. Serão examinados, igualmente, a retórica e argumentação constantes do processo-crime, mecanismos que tornam o texto jurídico uma prática social discursiva, considerando a escrita jurídica também em sua experiência cultural, lançando novas luzes sobre a análise dessas narrativas, especialmente a partir das reflexões advindas do culturalismo jurídico e seus desdobramentos teóricos. Os indícios de violência na obra de Almeida Jr. são associados à violência em torno de seu cotidiano e às sensibilidades jurídico-culturais que motivaram o artista e suas circunstâncias.

A resistência indígena ao projeto colonial castelhano nas provincias do Guairá e do Itatim (1593-1632)

A resistência indígena ao projeto colonial castelhano nas provincias do Guairá e do Itatim (1593-1632)

No âmbito da Expansão Marítima e Comercial Europeia, durante as primeiras décadas do século XVI, as descobertas geográficas, a conquista e a colonização ibérica, na América do Sul, ocorreram por meio de três movimentos concomitantes: a ocupação portuguesa do litoral atlântico, a submissão do mundo incaico/andino ao conquistar castelhano, Francisco Pizarro e a conquista da bacia Platina pela expedição comandada pelo espanhol, D. Pedro de Mendoza. Neste livro é analisado o projeto castelhano de colonização e as resistências indígenas a ele, no interior do continente sul-americano, da área banhada pelo alto curso do rio Paraguai, enfocando-se, sobretudo, a região centro-sul do Pantanal que, nessa época, integrando o extenso Paraguai Colonial, denominava-se Campos de Xerez. A motivação inicial desse processo foi a cobiça por metais preciosos, expressa historicamente pelo mito da Serra de Prata, materializado com a descoberta das extraordinárias jazidas minerais de Potosi, no oriente boliviano. No entanto, razões ditadas pela geopolítica colonial da coroa filipina para o interior da América do Sul, levaram as autoridades paraguaias/castelhanas a redirecionarem a expansão do povoamento colonial para o nordeste de Assunção. Assim, após uma permanência efêmera (1593-1600) no baixo curso do rio Ivinheima, os colonos assuncenhos do núcleo urbano de Santiago de Xerez reassentaram-se, até 1632, em algum ponto entre os rios Aquidauana e Miranda. O objetivo desta pesquisa histórica foi reconstruir, por meio da consulta em fontes primárias e na historiografia anteriormente produzida, a origem desse fenômeno colonial, suas especificidades no interior do modelo colonizador ibérico para a bacia Platina, bem como o entender os fatores históricos que explicam o insucesso dessa experiência povoadora pioneira em Mato Grosso do Sul.

Ciências Humanas no olho do furacão: tensões e problemas contemporâneos

A coletânea “Ciências Humanas no Olho do Furacão: tensões & problemas contemporâneos”, organizada por Luciana Angelice Biffi e Mônica Abed Zaher, se incumbe de refletir sobre qual é a localização das humanidades nos debates produzidos e vividos no tempo presente. Neste cenário, de acordo com as organizadoras, cabe a questão: qual é o lugar do pesquisador que produz pesquisas na área das ciências humanas e sociais na sociedade contemporânea? Qual é o seu papel? O lugar que ocupamos socialmente nos faz ter experiências distintas. Mas, como isso se converte em objeto para o pesquisador? Como usar as técnicas e os aparatos metodológicos adequados para novos problemas, sendo que hoje a quantidade de fontes exige seleção cada vez mais precisa? Não obstante, encarando a visão utilitarista de ensino e pesquisa, que valoriza apenas as ciências duras (exatas e biológicas), visto que elas teriam uma aplicabilidade prática, nos é posta uma questão complementar: qual o alcance, ou qual é o impacto de uma pesquisa em ciências humanas hoje? É desses questionamentos que a presente obra se acerca.

Nazareno Confaloni arte & modernidade como experiência religiosa

Esse livro propõe investigar a apropriação do pensamento artístico do pintor italiano Frei Nazareno Confaloni (1917-1977) e sua atuação no contexto da modernidade em Goiás a partir da década de 1950, observando sua relação com os intelectuais ligados às instituições culturais do Estado, e consequentemente com os projetos de renovação artística, característica do ambiente artístico goiano do início dos anos de 1950. Parte do entendimento de como a crítica de arte interpreta o conjunto da obra do artista italiano radicado no Brasil, investiga a apropriação de Confaloni como ícone de modernidade e o associa ao mito fundador da Cidade de Goiânia. A autora aborda as questões que tratam de modernidade, modernização e modernismo como pontes para o entendimento do projeto moderno do Brasil, considerando como ponto principal o conceito de modernização conservadora com ênfase nos aspectos culturais.

Infâncias precárias

A autora compreende a violência sexual contra meninas a partir das hierarquizações de gênero e subalternização dos sujeitos. Por essa razão, de acordo com Bonfanti, a violência sexual contra meninas é legitimada em uma lógica patriarcal e excludente, que mantém o poder do homem adulto sobre os demais sujeitos. A estratégia utilizada, nesse livro, para a compreensão dessa violência consiste em utilizar os campos teóricos e metodológicos da Epistemologia Feminista, a partir das contribuições das teóricas de gênero: Judith Butler, Heleieth Saffioti, Donna Haraway e Guacira Lopes Louro. A autora dialoga também com aspectos teóricos e metodológicos da Micro-História, especificamente, acerca da análise dos processos-crime. Em “Infâncias Precárias”, Ana Letícia Bonfanti analisa inquéritos policiais instaurados na Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, Criança, Adolescente e Idoso da cidade de Rondonópolis/MT. Foram localizados 358 inquéritos policiais de crimes de estupros cometidos por homens contra crianças e adolescentes no período compreendido entre 2010 e 2017. A pesquisadora denuncia: a maioria dos agressores são homens heterossexuais, casados e que mantêm vínculos afetivos-familiares com as vítimas. A autora, por outro lado, mostra que a violência sexual atinge majoritariamente as meninas ainda na infância, dentre 8 e 11 anos de idade.

Trilhando horizontes : as relações entre educação e sociedade

Este livro reflete sobre os sinais de desumanização presentes na educação, na sociedade, no mercado e na política. Os autores analisam temas como democracia, escola, política de direitos humanos, pandemia, desigualdade social, ecologia, desenvolvimento sustentável e crises sociais e geopolíticas. De um ou de outro jeito, tentam desreificar categorias analíticas do campo da educação, para capturar com maior profundidade a situação da educação brasileira na travessia da atual crise sanitária. Os artigos demonstram o compromisso deste grupo de pesquisadores com a docência, a educação e a cultura, na busca de compreender, analisar e interpretar a educação como um fato social total, por uma leitura interdisciplinar.