SERGIO MESQUITA

Os sentidos do humor: possibilidades de análise do cômico

O estudo do humor não é novo. Filósofos como Platão, Aristóteles, Kant, Hegel, Freud e Ortega y Gasset, escritores de renome como Baudelaire, Shakespeare ou Cervantes e acadêmicos como Bergson, Adorno ou Attardo, têm abordado o humor em suas obras. A centralidade e peso do humor na vida dos seres humanos é evidente no grande número de estudos que examinam diferenças e semelhanças de humor em inúmeros cenários como entre Oriente e Ocidente, em psicologia, na cognição, relações humanas, saúde, literatura, artes visuais ou mesmo política. Este volume é o trabalho de especialistas dedicados aos estudos do humor e tratou temas como o humor no mundo luso-hispânico por meio de representações sociais, linguagem e literatura.

Cinema e exibição cinematográfica em Montes Claros (MG): Dos primórdios à consolidação do circuito exibidor

O tema Cinema e exibição cinematográfica em Montes Claros (MG): dos primórdios à consolidação do circuito exibidor, refere-se a uma investigação sobre a gênese da rede exibidora montesclarense, e as diferentes formas de lazer que incidiram no espaço público da cidade. Teve como propósito, ainda, refletir sobre como a modernidade configurou-se no município norte-mineiro. A partir de um conjunto de fontes, notou-se que ao longo do século XIX, entre 1840 a 1880, a cidade norte-mineira passou a ocupar um importante papel no comércio regional. Assim, vários foram os eventos advindos com essas transformações. Contudo eles não patentearam mudanças meramente econômicas. Concomitante às transformações, verificou-se que, sobrevieram à cena pública da pequena urbe norte-mineira, companhias circenses, grupos mambembes e espetáculos de prestidigitação, que revelaram o não insulamento artístico da região. Observou-se, ainda, que, pela intermediação do cinema e das inaugurações das salas, concomitante às reformas e as instalações de aparelhos modernos de projeção, a representação de progresso em Montes Claros operacionalizou-se e tornou-se ativa. Nesse sentido, o cinema, mediante os discursos dos jornais, por exemplo, estabeleceu um índice daquilo que era “moderno”, “civilizado”, “progresso”, e constituiu um veio de identificação para avaliar a cidade como uma “metrópole do norte”, “metrópole nordestina”, “sociedade culta”.

História e imagens: jornadas com Didi-Huberman

Com extrema erudição, Georges Didi-Huberman congrega o pensamento clássico e contemporâneo sobre as linguagens e lhes confere uma interpretação singular. Como resultado das reflexões em torno da obra de Georges Didi-Huberman, o livro reúne textos de pesquisadores ativos em três grupos de pesquisa: Grupo de Estudos de História e Imagens (GEHIM), Núcleo de Estudos em História Social da Arte e da Cultura (NEHAC) e Grupo de Pesquisa Interartes: Processos e Sistemas Interartísticos e Estudos de Performance (GEIEP). Distribuídos em cinco jornadas, os ensaios presentes no livro fazem dialogar seus temas de investigação com o pensamento de Georges Didi-Huberman. Partem de pesquisas sólidas que buscam articulações com a obra do autor e discutem suas provocações teórico-epistemológicas.

Educação e trabalho: contextos e processos históricos

O livro “Educação e Trabalho: Contextos e processos históricos”, ao lidar com trabalho e ensino e trabalhadores e educação, aborda categorias tais como cultura, educação, trabalho e modos de viver, para discutir mudanças nos modos de vida; sociabilidades no trabalho e fora dele; políticas públicas adotadas para a educação, entre outros. Para tanto, atribui interpretações e significados aos processos de reconfiguração/redefinição das lutas sociais e de seus agentes no mundo contemporâneo.

Jogos-narrativos: ensino de história, relatos e possibilidades

O livro “Jogos-Narrativos: ensino de História, relatos e possibilidades” traz relatos de experiências de professores de escola básica e pesquisadores em diálogo com o mundo do Role-playing Game, Cards, Tabuleiro e outros. Os jogos, ao permitirem narrativas, expressões de memórias, posicionamentos sociais e diversas interações verbais e não verbais entre sujeitos, são aqui analisados como recursos de ensino, de aprendizagem, de sociabilidade e de pesquisa em História.

História dos catadores no Brasil

“História dos Catadores no Brasil” investiga homens e mulheres que viveram e vivem do trabalho com o lixo. Essa atividade é antiga. Remonta a Atenas do século 500 a.C., criadora do primeiro lixão onde trabalhadores “especializados” nessa função recolhiam e transportavam os dejetos para fora da cidade. Junto ao manejo do lixo, a reciclagem também é uma prática antiga. No Velho Testamento, por volta do século VIII a.C., Isaías propôs que se fizessem relhas e arados de lanças e foices. Evidências como essas cortaram toda a Idade Média até o século XVIII, quando a reciclagem tornou-se um negócio, conectando pobreza, lixo e reciclagem. Esse raciocínio ajuda a explicar o estigma historicamente construído sobre as pessoas que trabalham com o lixo alheio. Ajuda também a desenvolver a hipótese de que a reciclagem transformou-se numa atividade comercial apenas com o capitalismo, a partir dos séculos XVIII e XIX. Tais questões são levadas e comparadas à realidade brasileira dos últimos 200 anos. Nesse período, chega-se à presença dos catadores, vistos como uma parte bastante desgastada do mundo do trabalho. São trabalhadores anônimos, mostrados por rara documentação que deles fala indiretamente. Os catadores receberam maior atenção a partir da década de 1950, quando se fizeram mais visíveis nas grandes cidades. Desse ponto, que conduz até o final do livro, o roteiro da pesquisa e da narrativa prioriza a investigação sobre quem são os catadores, o que eles pensam que são e o que foram, e como eles gostariam de ser.

Portugueses: ações e lutas políticas Rio de Janeiro – São Paulo

O tema dos deslocamentos humanos é, sem dúvida, um dos mais importantes e urgentes do tempo presente. Diante dele, os historiadores são convocados a rememorar e compreender suas diversas nuances e dar conta de toda a sua complexidade. No caso específico do Brasil, a compreensão dos deslocamentos dos diversos grupos é fundamental para o entendimento das historicidades dos processos econômicos, sociais, políticos e culturais que compõem a nossa sociedade. Neste sentido, a obra aborda os diversos aspectos das imigrações portuguesas para o Brasil no período entre o final do século XIX e grande parte do século XX, priorizando os contextos dos principais núcleos urbanos do país, Rio de Janeiro e São Paulo, que foram as cidades que acolheram a maior parte deste imigrantes. Buscando oferecer sentidos mais complexos do que a vulnerabilidade econômica como motivo das emigrações lusitanas, as autoras perpassam por períodos importantes das histórias do Brasil e de Portugal ressaltando estes processos migratórios à luz das experiências e sentidos atribuídos pelos diversos sujeitos participantes criando quadros vivos das relações históricas e atuais dos dois lados do Atlântico.

O elaborar da vergonha e da raiva: desatando nós para o trabalho socioeducativo

O presente estudo teve como objetivo geral considerar os processos sociais envolvidos na situação do adolescente em conflito com a lei no Brasil, suas implicações na transformação de histórias de vidas e consequente demandas nos programas de atendimento. De forma mais específica objetivou trazer conhecimentos concretos para o campo de trabalho socioeducativo, e investigar aquilo que se apresenta como propiciador da reincidência. O que leva o/a adolescente a infracionar novamente? Os dados coletados, considerando as medidas socioeducativas, demonstram que elas não dão conta do objeto ao qual se propõem: o rompimento com o ciclo da delinquência, com a repetição do ato de delinquir. A forma como as medidas estão sendo propostas são reguladoras muito externas, e não estão entrando no cerne do problema. Nesse sentido, devem considerar os sentimentos de raiva e ódio que movem o adolescente. No subtexto dessa raiva existem situações de humilhação e sentimentos de vergonha que, por não serem elaborados, criam um ciclo humilhação – vergonha – ódio. Entra-se num círculo odioso, retroalimentado, que supõe a raiva, a dimensão que o prazer de delinquir tem, ao que eles chamam de adrenalina.

Imagens institucionais da modernidade: a educação profissional em Goiás (1910-1964)

O ensino profissional na Primeira República brasileira resumiu-se ao modelo concretizado nas Escolas de Aprendizes e Artíces. Elas foram criadas com o objetivo explícito de atender aos “desfavorecidos da fortuna”. No entanto, seu funcionamento se deu de outra maneira. Cabe-nos portanto, indagar como essa escola atendeu a esse público? E ainda se foi ele, realmente, o alvo de seu ensino?No caso particular da Escola de Aprendizes Artífices de Goiás a sua atuação, durante trinta anos na Cidade de Goiás, foi ignorada pelo discurso da modernidade que instaurou-se após 1930. Talvez por esse motivo, a história da educação em Goiás, praticamente ignora sua existência e manteve um silêncio sobre sua presença naquela cidade. Por isso, uma de nossas preocupações neste trabalho foi responder as indagações apresentadas anteriormente. E também compreender como esse modelo de escola se articulou com o modelo de educação proposto pela República velha. O período enfocado, neste texto, (1910-1964) é de destacada importância e significação para desvendar as origens do ensino profissional e sua evolução no Brasil, a partir de políticas públicas voltadas para a construção do arcabouço de uma moderna sociedade do trabalho. O ano de 1910 é o ano em que foi inaugurada a Escola de Aprendizes e Artífices de Goiás e o ano de 1964 é tomado como o fim de um ciclo, pois a partir dele o ensino técnico passa por profundas mudanças que se refletem na organização e nas práticas das Escolas Técnicas Federais, que sucederam as Escolas de Aprendizes Artífices. Procuramos, também, compreender a racionalidade que subsidiou os discursos que justificaram a criação das Escolas de aprendizes e Artífices na chamada Primeira República. Para tal, levantamos o papel que essa racionalidade exerceu na definição dos discursos que tomavam a educação como tema. Procuramos, ainda, identificar como o discurso da modernidade vai definir o fim das Escolas de Aprendizes e Artífices e ao mesmo tempo justificar a criação das Escolas Técnicas Federais.